63º SBPC


A 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrerá de 10 a 15 de julho de 2011, na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia (GO), e terá como tema central “Cerrado: água, alimento e energia”. Trata-se de um dos maiores eventos científicos do País.

Realizada desde 1948, com a participação de autoridades, gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia (C&T) e representantes de sociedades científicas, a Reunião é um importante meio de difusão dos avanços da ciência nas diversas áreas do conhecimento e um fórum de debate de políticas públicas em C&T.

A programação científica é composta por conferências, simpósios, mesas-redondas, encontros, sessões especiais, minicursos e sessões de pôsteres para apresentação de trabalhos científicos. Também são realizados diversos eventos paralelos, a exemplo da SBPC Jovem (programação voltada para estudantes do ensino básico), da ExpoT&C  (mostra de ciência e tecnologia) e da SBPC Cultural (atividades artísticas regionais).

Agricultura familiar e desenvolvimento sustentável

Como expressa a Profa. Nazareth Wanderley “A agricultura familiar não é uma categoria social recente, nem a ela corresponde uma categoria analítica nova na sociologia rural. No entanto, sua utilização, com o significado e abrangência que lhe tem sido atribuído nos últimos anos, no Brasil, assume ares de novidade e renovação” (WANDERLEY, 2001: 21).
Muitas terminologias foram empregadas historicamente para se referir ao mesmo sujeito: camponês, pequeno produtor, lavrador, agricultor de subsistência, agricultor familiar. A substituição de termos obedece, em parte, à própria evolução do contexto social e às transformações sofridas por esta categoria, mas é resultado também de novas percepções sobre o mesmo sujeito social.
A partir dos anos 90 vem se observando um crescente interesse pela agricultura familiar no Brasil. Este interesse se materializou em políticas públicas, como o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e na criação do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), além do revigoramento da Reforma Agrária. A formulação das políticas favoráveis à agricultura familiar e à Reforma Agrária obedeceu, em boa medida, às reivindicações das organizações de trabalhadores rurais e à pressão dos movimentos sociais organizados, mas está fundamentada também em formulações conceituais desenvolvidas pela comunidade acadêmica nacional e apoiada em modelos de interpretação de agências multilaterais, como a FAO, o IICA e o Banco Mundial.
Contudo, não se pode afirmar que este segmento tenha sido reconhecido como prioridade pelos governos, haja vista que a agricultura patronal tem concentrado, nos últimos anos, mais de 70% do crédito disponibilizado para financiar a agricultura nacional. Assim, há hoje dois projetos em pugna os para o campo no Brasil. O primeiro é um enfoque setorial, cuja preocupação central está na expansão da produção e da produtividade agropecuária, na incorporação de tecnologia e na competitividade do chamado agribusiness. Este enfoque se articula em torno dos interesses empresariais dos diversos segmentos que compõem o agronegócio e está claramente representado no Ministério da Agricultura. Em contraposição, o segundo enfoque enfatiza os aspectos sociais e ambientais do processo de desenvolvimento, de acordo com o que vem se denominando a sustentabilidade do desenvolvimento rural, que procura equilibrar a dimensão econômica, social e ambiental do desenvolvimento.
Este segundo enfoque tem escolhido a agricultura familiar como um dos seus pilares chaves. Uma pesquisa realizada pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), cujo objetivo principal era estabelecer as diretrizes para um “modelo de desenvolvimento sustentável”, escolheu-se como forma de classificar os estabelecimentos agropecuários brasileiros a separação entre dois modelos: “patronal” e “familiar”. Os primeiros teriam como característica a completa separação entre gestão e trabalho, a organização descentralizada e ênfase na especialização.
O modelo familiar teria como característica a relação íntima entre trabalho e gestão, a direção do processo produtivo conduzido pelos proprietários, a ênfase na diversificação produtiva e na durabilidade dos recursos e na qualidade de vida, a utilização do trabalho assalariado em caráter complementar e a tomada de decisões imediatas, ligadas ao alto grau de imprevisibilidade do processo produtivo (FAO/INCRA, 1994).
A escolha da agricultura familiar está relacionada com multifuncionalidade da agricultura familiar, que além de produzir alimentos e matérias-primas, gera mais de 80% da ocupação no setor rural e favorece o emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversificação de cultivos, o menor uso de insumos industriais e a preservação do patrimônio genético.
Assim, o meio rural, sempre visto como fonte de problemas, hoje aparece também como portador de soluções, vinculadas à melhoria do emprego e da qualidade de vida (WANDERLEY, 2002). Este enfoque é representado também pelo Prof. José Eli da Veiga e colaboradores no documento “O Brasil Rural precisa de uma Estratégia de Desenvolvimento”, onde os autores sugerem que o projeto de desenvolvimento para o Brasil rural deve visar a maximização das oportunidades de desenvolvimento humano em todas as regiões do país diversificando as economias locais a começar pela própria agropecuária. Em reportagem publicada pela Revista Rumos em novembro-dezembro de 2003, o mesmo Prof. José Eli da Veiga observa o brutal poder devorador de postos de trabalho da atual modernização das grandes lavouras, exemplificado no caso da cana-de-açúcar, onde a demanda de força de trabalho foi cortada pela metade nos anos 90, apesar da expansão de 10% da área cultivada.
O modelo “produtivista”, de necessário aumento da produção e da produtividade, orientado para as funções da agricultura como fornecedora de alimentos baratos, matérias-primas e divisas, tem cedido lugar à ótica da multifuncionalidade, mesmo que esse termo seja muito polêmico por ter sido utilizado pela União Européia para justificar a manutenção dos subsídios agrícolas. Nesses países, a agricultura se apresenta não apenas como fornecedora de bens, senão também de serviços tangíveis e intangíveis, como os serviços ambientais e procura responder também a certas aspirações simbólicas da sociedade, como a preservação da paisagem e da cultura local.
Além disso, a agricultura familiar está associada à dimensão espacial do desenvolvimento, por permitir uma distribuição populacional mais equilibrada no território, em relação à agricultura patronal, normalmente associada à monocultura. Estas idéias devem ser contextualizadas no debate sobre os caminhos para a construção do desenvolvimento sustentável.
Recentemente, vem sendo defendida uma perspectiva que reforça as idéias acima apresentadas é a dimensão territorial do desenvolvimento rural, onde as atividades agrícolas e não-agrícolas devem ser integradas no espaço local, perdendo sentido a tradicional divisão urbana/rural e ultrapassando o enfoque predominantemente setorial (agrícola) do espaço rural. No âmbito das políticas públicas, isto se traduziu na criação da SDT (Secretaria do Desenvolvimento Territorial), subordinada ao MDA.
Todavia, mesmo havendo consenso entre vários autores sobre a importância da agricultura familiar, as visões em relação ao modelo que essa agricultura familiar deveria adotar divergem em certos aspectos.
Abramovay diferencia a agricultura familiar no interior das sociedades capitalistas mais desenvolvidas como uma forma completamente diferente do campesinato clássico. Enquanto que os camponeses podiam ser entendidos como “sociedades parciais com uma cultura parcial, integrados de modo incompleto a mercados imperfeitos”, representando um modo de vida caracterizado pela personalização dos vínculos sociais e pela ausência de uma contabilidade nas operações produtivas. Já a agricultura familiar, segundo o mesmo autor, [...] é altamente integrada ao mercado, capaz de incorporar os principais avanços técnicos e de responder as políticas governamentais [...] Aquilo que era antes de tudo um modo de vida converteu-se numa profissão, numa forma de trabalho (ABRAMOVAY, 1992, p.22-127).
Para esse autor, em lhe sendo favorável esse ambiente e com apoio do Estado, a agricultura familiar preencherá uma série de requisitos, dentre os quais fornecer alimentos baratos e de boa qualidade para a sociedade e reproduzir-se como uma forma social engajada nos mecanismos de desenvolvimento rural. O pensamento de Abramovay fica claramente evidenciado quando expressa que “Se quisermos combater a pobreza, precisamos, em primeiro lugar, permitir a elevação da capacidade de investimento dos mais pobres. Além disso, é necessário melhorar sua inserção em mercados que sejam cada vez mais dinâmicos e competitivos”.
Assim, existe uma visão onde o agricultor familiar está fortemente inserido nos mercados e procura sempre adotar novas tecnologias. Em contraposição, há uma corrente que tem sido caracterizada como “neo-populismo ecológico”, por resgatar alguns conceitos do pensamento de Alexander Chayanov, que destaca a autonomia relativa do pequeno produtor, enfatizando a utilização de recursos locais, a diversificação da produção e outros atributos que apontam para a sustetabilidade dos sistemas de produção tradicionais. Nessa visão, a sobrevivência do agricultor familiar teria muito mais de resistência do que de funcionalidade à lógica da expansão capitalista.
Este segundo enfoque está associado ao que se conhece como agroecologia. Na agroecologia (ALTIERI, 2002), os objetivos de um programa de desenvolvimento rural seriam:
1) Segurança alimentar com valorização de produtos tradicionais e conservação de germoplasma de variedades cultivadas locais;
2) Resgatar e reavaliar o conhecimento das tecnologias camponesas;
3) Promover o uso eficiente dos recursos locais;
4) Aumentar a diversidade vegetal e animal de modo a diminuir os riscos;
5) Reduzir o uso de insumos externos;
6) Busca de novas relações de mercado e organização social.
O pensamento agroecológico resgata a figura do camponês e valoriza seus conhecimentos, sobretudo em relação ao convívio com o meio ambiente, aprendido através de gerações de interação do homem com os recursos naturais.
O desenvolvimento rural, sob essa ótica, representa uma tentativa de ir além da modernização técnico-produtiva, apresentando-se como uma estratégia de sobrevivência das unidades familiares que buscam sua reprodução. O modelo não é mais o do agricultor-empresário, mas o do agricultor-camponês que domina tecnologias, toma decisões sobre o modo de produzir e trabalhar (SCHNEIDER, 2003).
Contudo, a agroecologia não está pensando numa agricultura apenas de subsistência, mas a integração ao mercado de produtos e insumos deve ser olhada com cautela, para não aumentar a dependência do produtor. Por outro lado, tem que reconhecer que os autores que enfatizam a necessidade de modernizar a agricultura familiar, também não deixam de reconhecer os impactos ambientais e sociais que muitas das chamadas técnicas modernas tem provocado ou poderão vir a provocar.
Em síntese, há consenso sobre a necessidade de construir uma agricultura mais sustentável que considere os aspectos sociais e ambientais, além dos aspectos econômicos, e sobre a importância dos agricultores familiares na construção desse novo modelo, mas ainda há divergências sobre os modelos mais apropriados para que a agricultura familiar atinja esses objetivos. Há uma linha que defende maior competitividade e integração nos mercados e o enfoque agroecológico que se fundamenta numa profunda mudança no modelo tecnológico, na organização da produção e até mesmo numa mudança de valores e na própria organização da sociedade.

BIBLIOGRAFIA
ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: HUCITEC/UNICAMP, 1992, 275 p.
ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba-RS: Agropecuária, 2002, 592 p.
FAO/INCRA Diretrizes de Política Agrária e Desenvolvimento Sustentável. Brasília, Versão resumida do Relatório Final do Projeto UTF/BRA/036, março, 1994.
SCHNEIDER, S. Desenvolvimento Rural Regional e articulações extra-regionais. In: Anais do I Fórum Internacional: Território, Desenvolvimento Rural e Democracia. Fortaleza-CE, 16 a 19 de novembro 2003.
VEIGA, J. O Brasil precisa de um Projeto. In: Anais do 36 Encontro da Sociedade brasileira de Economia e Sociologia Rural. Poços de Caldas, Minas Gerais, 10 a 14 de agosto de 1998.
WANDERLEY, N. Raízes históricas do campesinato brasileiro. In: TEDESCO (Org.) Agricultura familiar: realidades e perspectivas. Passo Fundo- RS: UPF, 2001, 405 p.
_____________ Territorialidade e ruralidade no Nordeste: por um pacto social e pelo desenvolvimento rural. In: SABOURIN, E.; TEXEIRA, O. (orgs.) Planejamento e desenvolvimento dos territórios rurais: conceitos, controvérsias e experiências. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2002, p. 41-52.
Alicia Ruiz Olalde

XXVII Congresso Brasileiro de Agronomia

O Congresso será realizado pela Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) e Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul (Sargs), serão debatidos assuntos como "O rural e o urbano no desenvolvimento sustentável"; "A produção de alimentos e energia pode ser sustentável?"; "O uso da terra frente às atuais e futuras necessidades mundiais"; e "Agricultura Forte: Alimento, Energia e Meio Ambiente". A programação conta ainda com painéis, mini-cursos e trabalhos científicos.
 
Período: 06 a 09 de setembro de 2011

Local: São Luiz do Maranhão.

Em breve mais informações!
Mais informações no site do evento: http://www.florestecidosjoinville.com.br/content.php?id=2

O ENAPET é organizado com o intuito de discutir temas relevantes à manutenção e desenvolvimento do programa, além de apresentar a produção acadêmica dos grupos no âmbito da tríade ensino/pesquisa/extensão e da educação tutorial, afirmando os esforços contínuos do MEC para a melhora do ensino no país, considerando o PET um adicional de qualidade  nos cursos aos quais está vinculado. 

No ano de 2011 acontece o XVI ENAPET (Encontro Nacional de Grupos do Programa de Educação Tutorial) em Goiânia, capital do estado de Goiás, no Campus Natal Colemar e Silva (Campus I) da
Universidade Federal de Goiás
(UFG), nos dias 12 a 16 de julho. O tema central escolhido foi 'Diversidade Cultural e Integração do Conhecimento'. A organização do evento está sob a responsabilidade dos grupos PET da UFG (Nutrição, Engenharia de Alimentos, Enfermagem e Enfermagem Jataí, Matemática, Geografia, Biologia, Engenharia Elétrica, Engenharia de Computação e Engenharia Mecânica, Licenciatura Intercultural Indígena e Cidade de Goiás), do PET Fisioterapia da Universidade Estadual de Goiás e do PET Biologia, do Instituto Federal Goiano, Campus de Urutaí (GO).

O ENAPET é um encontro que congrega todos os grupos PET do Brasil, que em 2011 congrega 9.854 alunos e 758 tutores, distribuídos por todo território nacional. Dessa forma, esse evento traz para a UFG e ao estado de Goiás uma visibilidade nacional no âmbito
da educação tutorial, razão pela qual cabe à UFG e demais órgãos estaduais e federais, o apoio e custeio visando à concretização do XVI ENAPET.


Fonte: Comissão Executiva do XVI ENAPET.

Alimentos serão produzidos com menos Sódio no Brasil

GOVERNO E INDÚSTRIA FECHAM ACORDO PARA REDUZIR CONSUMO DE SAL

O Ministério da Saúde e os fabricantes de produtos alimentícios fecharam um acordo para reduzir o uso do sódio na fabricação de alimentos. Esse mineral está presente no sal e pode levar a doenças como a pressão alta se for consumido em excesso. O anúncio foi feito pelo ministro Alexandre Padilha nesta quinta-feira (7), data em que se comemora o Dia Mundial da Saúde.
O termo foi assinado pelo ministro e pelas associações que representam os produtores de alimentos processados. O plano estabelece redução gradual na quantidade de sódio em 16 categorias de alimentos, começando por massas instantâneas, pães e bisnaguinhas.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, 70% do que comem os brasileiros vem da agricultura familiar

Raquel Júnia – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
 
No Assentamento Americana , no município de Grão Mogol, região norte de Minas Gerais, há de tudo um pouco – hortaliças, legumes, frutas, frutos típicos do bioma cerrado que cobre a região, criação de animais. De acordo com o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA NM), que presta assessoria aos assentados desde o início da ocupação da área, tecnicamente o que está sendo desenvolvido na região é o que se chama de sistemas agroflorestais e silvipastoris – ou seja, a conciliação de atividades agrícolas com a criação de animais e o extrativismo, de forma a garantir a preservação do bioma cerrado e também a produção de alimentos saudáveis.  A situação dos moradores do assentamento Americana, onde, segundo eles próprios, “há de tudo um pouco”, é um exemplo de como a agricultura familiar, sobretudo a prática agroecológica, podem garantir a segurança e a soberania alimentar.

Continuar lendo: http://brunoruano.wordpress.com/2011/04/09/agroecologia-x-agronegcio/

48º Reunial Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia (SBZ)

Os participantes terão a oportunidade de usufruir das maravilhas da Amazônia, fazendo contato com a natureza, um momento impar de reflexão quanto ao posicionamento científico, ético e a composição dos novos valores a serem contextualizados na zootecnia do século XXI. Serão doze simpósios e cada congressista ao se inscrever, automaticamente terá o direito de participar ativamente de dois deles. A reunião de Belém terá como tema central "O Desenvolvimento da Produção Animal e a Responsabilidade Frente a Novos Desafios" onde todos irão conviver com pesquisadores que trabalham de forma integrada, em sistemas de redes, apoiados pelas suas instituições e agências de financiamento de seus países, tornando a ciência muito mais criativa, difusa, útil e impactante, rumo ao desenvolvimento dinâmico das sociedades. O evento terá também a integração do setor produtivo amazônico e contará com palestras satélites abordando temas interessantes tanto para alunos de ciências agrárias, cientistas, empresários rurais e demais empreendedores do agronegócio, devendo as questões sociais, ambientais e econômicas dominarem este momento.   

Mais Informações: 
http://www.reuniao2011.sbz.org.br/

VIII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (CBSAF)

Em 2011, no âmbito do Ano Internacional das florestas, em Belém, Pará, a Sociedade Brasileira da Sistemas Agroflorestais- SBSAF em conjunto com a Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, Embrapa Amazônia Oriental, Centro Agroflorestal Mundial - ICRAF, Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira- CEPLAc e a Universidade Federal do Pará - UFPA estarão realizando o VIII Congresso de Sistemas Agroflorestais com o tema central "Sistemas Agroflorestais na Paisagem Florestal: Desafios Científicos, Tecnológicos e de Políticas para integrar benefícios Locais e Globais"
A relevância dos impactos ambientais globais causados por mudanças climáticas contribuiu para que seja dado um maior destaque à resolução da Organização das Nações Unidas, considerando 2011 o Ano Internacional das Florestas. Atividades em apoio à data terão como foco a promoção do manejo sustentável, a conservação e o desenvolvimento das florestas em todo o mundo e a conscientização do papel decisivo que as florestas desempenham no desenvolvimento global sustentável.
Na agricultura o grande desafio consiste em racionalizar o dinâmico processo produtivo através da incorporação de novas tecnologias, redução dos custos de produção mantendo os níveis de produtividade, diminuição do impacto ambiental e promoção de maiores benefícios sociais através da geração de emprego e renda. Nesse contexto, Sistemas Agroflorestais (SAFs) apresentam-se como alternativas adequadas por reunirem princípios ecológicos que os assemelham aos sistemas florestais naturais, contribuem para a fertilidade do solo, absorção de carbono, valorizando o uso de espécies florestais e recuperando serviços ambientais indisponíveis em terras agrícolas degradadas, além de atenderem aos princípios básicos econômicos e sociais. Diante de cenários de transformação ambiental e aquecimento global, a utilização dos SAFs permite a manutenção da superfície com cobertura florestal, reduzindo a necessidade de queimadas e efetivamente reduzindo as emissões de equivalentes de CO2 pelo setor agrícola.
O VIII CBSAF pretende avaliar os avanços científicos e tecnológicos relacionados às diversas dimensões associadas ao papel dos SAFs na recomposição florestal, proporcionando a troca de experiências entre pesquisadores, extensionistas, produtores rurais, estudantes e consumidores dos produtos e serviços dos SAFs. Os resultados do Congresso serão editados em um documento com recomendações para uso das instituições que trabalham com o tema, seja em planejamento de ações, políticas públicas ou capacitações de técnicos e usuários. Durante o Congresso, será apresentada ao Governo Federal a proposta revisada de um programa integrado de pesquisa e desenvolvimento que contemple, potencialize e vincule benefícios socioeconômicos locais com benefícios ambientais globais proporcionados pelos SAFs.

Mais informaçãoes no site do congresso:
http://www.cbsaf.com.br/?action=Destaque.home

VII Congresso Brasileiro de Agroecologia (VII CBA)

7 a 10 de Novembro 2011, Fortaleza – Ceará

O Estado do Ceará foi escolhido pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) para sediar  a sétima edição do Congresso Brasileiro de Agroecologia (VII CBA). É a primeira vez, que o evento será realizado no Nordeste, onde deve dar um destaque para as propostas da Agroecologia na convivência com o Semiárido, baseado nas experiências agroecológicas dos(as) agricultores(as) familiares e de ONGs e movimentos sociais que atuam na região. No VI Congresso Brasileiro de Agroecologia e II Congresso Latino-americano de Agroecologia, realizados em conjunto no final de 2009 em Curitiba, foi destacado pelos cerca de 3.800 participantes na Carta do Congresso “o papel da Agroecologia para a mudança de paradigma de desenvolvimento capaz de construir uma agricultura biodiversa, de base familiar camponesa e resiliente às mudanças climáticas”.
O projeto de candidatura de Fortaleza foi construído em ampla parceria entre o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará (CCA/UFC); Associação Cientifica de Estudos Agrários – ACEG; a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) – Unidades Agroindústria Tropical e Tabuleiros Costeiros; Fundação Konrad Adenauer, através do projeto Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado (AFAM); Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (EMATER-CE); e Núcleo de Trabalho Permanente em Agroecologia da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), contando a participação de diferentes outras entidades e o apoio do Governo do Estado.
O objetivo geral do VII CBA é promover um intercâmbio entre pesquisadores, cientistas e estudantes, agricultores familiares e suas representações, organizações não-governamentais, instituições governamentais, movimentos sociais do campo e da cidade, antes, durante e após da sua realização, fomentando a construção do conhecimento agroecológico acadêmico e dos saberes dos (das) agricultores (as) de forma holística.

Conhecendo um pouco sobre a Agroecologia – Histórico e Conceitos

Agroecologia, quanto ciência, surge na América-Latina na década de 1980, partindo dos acúmulos das diversas tendencias até então conhecidas como “Agriculturas Alternativas”, como exemplo na Alemanha a Agricultura Biodinâmica, Inglaterra a Agricultura Orgânica, no Japão a Agricultura Natural, entre outras. Na realidade, eram filosofias, técnicas, conceitos e princípios, que surgiram no início do século XX em resposta ao modelo de desenvolvimento que estava se estabelecendo. Após a II Guerra Mundial, com a promessa de resolver os problemas da fome no mundo, ocorre a “Revolução Verde”, um processo sucateamento das tecnologias bélicas para uso massivo na agricultura, como o caso da mecanização e utilização de insumos químicos.
No Brasil, por exemplo, na década de 1960, surge o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), o governo financiava as atividades agrícolas, porém, para obter o crédito, o agricultor deveria se comprometer em adequar seu sistema de produção aos “Pacotes Tecnológicos”, parte do crédito estava comprometido para compra de “Insumos Modernos”, e orgão de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural estavam voltados a implementação dessas tecnologias. Paralelo a esse processo, os sistemas de comunicação, transporte, alimentação, educação e saúde estavam passando por um processo semelhante, instalando assim um mecanismo onde são completas as dependências de como o sistema capitalista para manutenção da vida humana.
Num enfoque sistêmicos, as “Agriculturas Sustentáveis” não conseguiram dar as respostas para os problemas sócio-ambientais que vinham se acumulando.
A “Agroecologia é uma ciência para o futuro sustentável”. Isto porque, ao contrário das formas compartimentadas de ver e estudar a realidade, ou dos modos isolacionistas das ciências convencionais, baseadas no paradigma cartesiano, a Agroecologia integra e articula conhecimentos de diferentes ciências, assim como o saber popular, permitindo tanto a compreensão, análise e crítica do atual modelo do desenvolvimento e de agricultura industrial, como o desenho de novas estratégias para o desenvolvimento rural e de estilos de agriculturas sustentáveis, desde uma abordagem transdisciplinar e holística. Representa um poderoso instrumento de ruptura com a tradição reducionista na qual se baseia a ciência moderna, principalmente pela sua proposta de transdicisplinaridade, por incorporar a complexidade, a dúvida e a incerteza, além de validar também os saberes tradicionais e cotidianos.
Também não se pode pensar em Agroecologia como “ciência neutra”, já que há em suas pesquisas e aplicações claro posicionamento político. Ela se coloca como ciência comprometida e a serviço das demandas populares, em busca de um desenvolvimento que traga soluções sustentáveis para os diversos problemas hoje enfrentados na cidade e no campo.
Contrapõe o modelo de desenvolvimento, ao agronegócio, as transnacionais, questionando suas tecnologias, e integra várias áreas do conhecimento para elaborar propostas para o desenvolvimento sustentável. Vem sendo uma importante ferramenta para os movimentos sociais, Via Campesina, movimento estudantil, além dos inúmeros grupos, institutos, ONG’s e associações que estão se organizando para construir a Agroecologia.

Priscila Rollo